Ser diagnosticada com problema de personalidade não deve ser fácil. Mais difícil ainda é ser coloca em um hospital psiquiátrico, mesmo que de maneira voluntária, para fazer o tratamento dessa doença. Mas, o que impressiona nesse livro, é como vemos as personagens e como a narração é demonstrada, de maneira objetiva e com base nos pontos importantes, sem muita enrolação.
Susanna Kaysen é a autora desse livro espetacular e aclamado por tantas pessoas. Para ela, a inspiração para escrever essa obra literária veio de sua experiência em um hospital psiquiátrico de segurança média, em meados de 1960, após ser diagnosticada com distúrbio de personalidade. A personagem principal, é a personificação do que Kaysen passou ao ficar internada, e isso torna  o livro mais atraente para o leitor.
A loucura mostrada pela personagem se deriva do fato dela não achar correto ser diferente do que a sociedade impunha,o que a faz ter uma crise existencial, e se questionar sobre tudo e todos. Por fim, ela conhece novas pessoas, faz amizades, avalia sua vida, vive entre dois mundo, em meio a melhoras e pioras de seu diagnóstico.
Inevitavelmente, ela procura respostas e tende a encontrá-las, interrogando sua sanidade e a maneira como vive, mas superando o que antes era uma linha de interrogação em sua vida e seu futuro.
Com base nos esforços e na maneira como Susanna nos apresenta o livro, podemos ver o quanto essa época foi difícil em sua vida, e o quanto ela foi questionada. Os pontos mostrados no livro, creio eu, que são somente algumas das muitas histórias que ela guarda consigo, mas por elas podemos identificar quem fora ela durante essa época, e quem, nos dias de hoje ela pode ter se tornado.

Quando a realidade torna-se brutal demais para uma garota de 18 anos, ela é hospitalizada. O ano é 1967 e a realidade é brutal para muitas pessoas. Mesmo assim poucas são consideradas loucas e trancadas por se recusarem a seguir padrões e encarar a realidade. Susanna Keysen era uma delas. Sua lucidez e percepção do mundo à sua volta era logo que seus pais, amigos e professores não entendiam. E sua vida transformou-se ao colocar os pés pela primeira vez no hospital psiquiátrico McLean, onde, nos dois anos seguintes, Susanna precisou encontrar um novo foco, uma nova interpretação de mundo, um contato com ela mesma. Corpo e mente, em processo de busca, trancada com outras garotas de sua idade. Garotas marcadas pela sociedade, excluídas, consideradas insanas, doentes e descartadas logo no início da vida adulta. Polly, Georgina, Daisy e Lisa. Estão todas ali. O que é sanidade? Garotas interrompidas.

O acabamento do livro é muito bom. A capa rosa chama a atenção, e a contra capa nos mostra um pedaço do desenrolar da história. As folhas são de boa qualidade, e contrastam com o chamativo título do livro.
De maneira significativamente, essa obra literária me marcou. A história é apresentada de maneira rápida (como um corte Tramontina), e os personagens, mesmo sendo tidos como loucos, acabaram me cativando.
Particularmente, o título do livro me fez uma alusão a vida dessa garota (Susanna), que foi interrompida por um distúrbio mental, que a fez parar no McLean (hospital psiquiátrico), e isso eu só fui compreender depois de começar a leitura.
Gostei do contexto e de como foi colocado a experiência dela. A cada história eu realmente me sentia próxima ás personagens. As fugas e os entendimentos que elas tiveram, me mostraram que em muitos momentos eu estava errada sobre certos questionamentos que fazia a mim mesma. Pode parecer brincadeira, mas mesmo em seu estado de loucura, em alguns momentos eu me senti como Kaysen, e achei libertador a compreensão que obtive ao terminar a última página.
Não tive arrependimento algum dessa leitura, e mesmo que muitas pessoas tenham falado que seria uma perda de tempo, não consegui compreender o porque. A atmosfera envolvente do livro trás a tona um pedaço do universo da autora naquela época, e significa que muito do que ela passou, também podemos passar.
Como todo livro, Garota, Interrompida tem seus pontos fortes e fracos, mas no geral contém um conteúdo. Sua história não se limita às crenças do dia-a-dia, ele vai mais fundo, procurando mostrar os relatos de quem tem o distúrbio de personalidade limítrofe de uma maneira especial e envolvente.
É uma indicação divertida, que talvez te leve a pensar de uma maneira diferente, talvez te agarrando em algumas verdades ou te fazendo crer em alo especial.